É no encontro com qualquer forma de Literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Nesse sentido, a Literatura apresenta-se não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias.
A Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo literário, deve ser utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. Sendo fundamental mostrar que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo global e complexo em sua ambiguidade e pluralidade.
O conhecimento de rudimentos básicos de teoria literária [...], pois a literatura é a arte da linguagem e como qualquer arte exige uma iniciação (COELHO, 2000, p. 40).
Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura Infantil era considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo pueril (nivelada ao brinquedo) ou útil (forma de entretenimento). A valorização da Literatura Infantil, como formadora de consciência dentro da vida cultural das sociedades, é bem recente.
Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano. "Infantilizar" as crianças não cria cidadãos capazes de interferir na organização de uma sociedade mais consciente e democrática. A literatura infantil brasileira só veio surgir no século XX, muito embora ao longo do século XIX reponte registrada aqui ali, a notícia do aparecimento de uma ou outra obra destinada a crianças. Mas foi no século XX que o movimento se torna propício para o aparecimento dessa literatura. Gestam-se aí as massas urbanas, que além de consumidoras de produtos industrializados, vão constituindo os diferentes públicos, para os quais se destinam os diversos tipos de publicações como: as sofisticadas revistas femininas, os romances ligeiros, o material escolar, os livros para crianças.
A literatura infantil é funcional, não podemos, portanto, estudá-la dissociada do seu leitor, que é a sua razão de ser. Enquanto o escritor pode produzir emoções diferentes, e uma mesma situação ou um mesmo personagem ser interpretado diferentemente, no livro infantil tem destino marcado recrear a criança, educando, se possível, e favorecendo o desenvolvimento de sua inteligência.
O caminho para a redescoberta da literatura infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. A sucessão das fases evolutivas da inteligência é constante e igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo da criança ou do meio em que ela vive.
O impulso de contar histórias dever ter nascido no homem, no momento em que ele sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua, que poderia ter significação para todos. Não há povo que não se orgulhe de suas histórias, tradições e lendas, pois é a expressão de sua cultura que deve ser preservada. Concentra-se aqui a íntima relação entre a literatura e a oralidade. A literatura infantil, por iniciar o homem no mundo literário, pode ser utilizada como instrumento para a sensibilidade da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. Sendo fundamental mostrar que a literatura precisa ser encarada sempre de modo global e complexo em sua ambiguidade e pluralidade. É no encontro com qualquer forma de literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Nesse sentido, a literatura apresenta-se não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias.
Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, não há a melhor sugestão do que as obras que abordam questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano. Por isso, o folclore tem sido a grande matriz da literatura infantil, não só pelo fabuloso, mas pelo trato dos assuntos e talvez por aquelas semelhanças entre a mentalidade infantil e a primitiva, em que os seres sobrenaturais como: bruxas, ogros, gigantes, o animismo (que humaniza todas as coisas), as estórias de bichos faladores, todo esse mundo uma permanente atração para as crianças.
Por isso, há necessidade de adaptação televisiva onde o mundo mágico de Monteiro Lobato e o seu “Sítio” eram presenças constantes nas fantasias de milhares de crianças e adultos.
Mediante esses fatos, podemos dizer que o fantástico está presente na obra em estudo, pois como diz Selma Calazans Rodrigues (1988:09) em seu livro, o Fantástico: “O Fantástico refere-se ao que é criado pela imaginação, o que não existe na realidade, o imaginário, o fabuloso”. É o que podemos perceber na aparição de alguns personagens do Sítio do pica-pau amarelo, em que Sacis nascem numa mata de bambus, e criaturas fantásticas aparecem para brincar onde até Branca de Neve esteve lá, oferecendo um jantar maravilhoso para o gato de botas, no pomar de Dona Benta, com a presença de todos os personagens das fábulas do conto de fadas.
Portanto, de acordo com o que foi citado, o fantástico é algo que foge ao natural, ou seja, são coisas que só acontecem na imaginação, por isso, são irreais. Nesse Sítio cabia de tudo, desde contos da carochinha até a mitologia, como Hércules, desde o saci e a cuca fazendo parte do nosso folclore até o Marquês de Rabicó e o Burro Falante, porque todos eles fazem parte dos seres sobrenaturais.
Então, em relação à literatura infantil podemos dizer que seu fim é emocionar artisticamente a criança pelo sublime, pelo pitoresco ou pela aventura, e ao mesmo tempo desperta-lhe a imaginação, aperfeiçoar-lhe a inteligência e aprimorar-lhe a sensibilidade.
Muitos estudos sobre a literatura infantil de Monteiro Lobato são unânimes em afirmar que o sucesso das histórias e estórias do Sítio do pica-pau amarelo junto às crianças leitoras reside no fato primeiro do autor/narrador combinar naturalmente fantasia e realidade procedendo de igual maneira às operações mentais da criança no ato de brincar. Realmente não existe constatação mais acertada, pois segundo Nelly Novaes Coelho:
O sucesso entre os pequenos leitores decorreu, sem dúvida, de um primeiro e decisivo fator: a realidade comum e familiar à criança, em seu cotidiano, é subitamente penetrada pelo maravilhoso ou pelo mágico, com a mais absoluta verossimilhança ou naturalidade. (1981:356).
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