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7 de agosto de 2011

A MULTIPLICIDADE NA VOZ DO POETA ROMÂNTICO GONÇALVES DIAS

Este trabalho tem o simples objetivo de ressaltar a multiplicidade de vozes que estão imbricadas no poema canção do exílio de Gonçalves Dias, para isso realizaremos duas etapas, a primeira se constituirá dos autores estrangeiros que podem ter sido influenciadores desse grande escritor brasileiro, a segunda se configurará nos autores que foram influenciados por Gonçalves Dias.
 Porém antes de antes de iniciarmos nossa conversa sobre o referido autor, é importante mencionarmos que ele pertenceu à primeira geração do movimento Romântico, o Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.Toda estética literária pautava-se em bases ideológicas oriundas do contexto político, cultural e social da época vigente.  Gonçalves Dias destacou-se na poesia lírico-amorosa, indianista e nacionalista. A temática principal de seus poemas era a valorização das maravilhas da natureza pátria, na qual o índio ocupou seu lugar de destaque, tendo como influência as ideias de Rousseau, com o mito do “Bom Selvagem”. A influência dos autores estrangeiros na obra de Gonçalves Dias também fica marcada nas epígrafes que abrem muitos de seus poemas. São versos de Byron, Shelley, Victor Hugo, Lamartine, Saint-Beuve, Alexandre Herculano, Camões, Schiller, Goethe, Dante, Ovídio, Ésquilo, Virgílio. Essas epígrafes revelam que, como seus colegas românticos, Gonçalves Dias era um leitor que buscava a literatura clássica e contemporânea e que neles buscava inspiração para seus versos. (CEREJA & COCHAR, 2000, p. 175-177). A poesia de Gonçalves Dias revela um traço da filiação romântica do poeta e o gosto por temas como o da solidão e o do sofrimento por amor. (BOSI, 1980, p.109)
Como afirma Massud Moisés em “Primeiro poeta autenticamente brasileiro, na sensibilidade e temática, e das mais altas vozes de nosso lirismo” e indianismo. (MOISÉS, 1971, p.*) Gonçalves Dias representa o mestiço que valoriza o nacional. Porém trataremos aqui um pouco da importância do poema canção do exílio, tentando mostrar seu significado dentro da literatura. O maior valor da Canção do Exílio está no fato de que nela há uma essência notadamente brasileira expressa na saudade e no amor incondicional ao Brasil.
 O ideário romântico no Brasil é um projeto de afirmação da nacionalidade respaldada no segundo reinado. Daí os escritores desta época ser mais valorizados quando a sua obra estava impregnada de conteúdos nacionalistas. Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as diferenças étnicas, lingüísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida. Em Coimbra, ligou-se Gonçalves Dias ao grupo dos poetas que Fidelino de Figueiredo chamou de "medievalistas". À influência dos portugueses virá juntar-se a dos românticos franceses, ingleses, espanhóis e alemães. Em 1843 surge a "Canção do exílio", um das mais conhecidas poesias da língua portuguesa. Sua obra poética, lírica ou épica, enquadrou-se na temática "americana", isto é, de incorporação dos assuntos e paisagens brasileiros na literatura nacional, fazendo-a voltar-se para a terra natal, marcando assim a nossa independência em relação a Portugal.
Canção do exílio é o poema de Gonçalves Dias que abre o livro contos literários e marca a obra do autor como um dos mais conhecidos poemas da língua portuguesa no Brasil. Foi escrita em julho de 1843, em Coimbra, Portugal. O poema, por conta de sua contenção e de sua alusão à pátria distante, tema tão próximo do ideário do Romantismo, tornou-se emblemático na cultura brasileira. Tal caráter é percebido por sua freqüente aparição nas antologias escolares, bem como pelas inúmeras citações do texto presentes na obra dos mais diversos autores brasileiros. Sua temática é própria da primeira fase do Romantismo brasileiro, em sua mescla de nostalgia e nacionalismo. Gonçalves Dias compôs o poema cinco anos depois de partir para Portugal, onde fora cursar Direito na Universidade de Coimbra. A Canção do exílio teria surgido por inspiração após a leitura da balada Mignon, de Wolfgang Goethe, poema do qual Gonçalves Dias usa alguns versos como epígrafe.

PARÓDIAS, CITAÇÕES E RECRIAÇÕES

 A Canção do Exílio foi amplamente recriada e parodiada, principalmente pelos poetas modernistas; dois de seus versos estão citados no Hino Nacional Brasileiro ("Nossos bosques têm mais vida,/Nossa vida, mais amores."). Estas são algumas das inúmeras releituras e citações que o poema de Gonçalves Dias recebeu, a partir do Modernismo, pelas mãos de diversos poetas brasileiros:
Oswlad de Andrade
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
 Os passarinhos daqui não cantam como os de lá
Casimiro de Abreu
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Carlos Drummond de Andrade
Um sabiá na
palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.

 Como vimos à canção do exílio de Gonçalves Dias foi um texto que influenciou muitos escritores, além dos que foi observado acima, temos uma lista que de recriações que podem confirmar nossa informação.
·         Canção do Exílio - Casimiro de Abreu
·         Canto de Regresso à Pátria - Oswald de Andrade
·         Europa, França e Bahia - Carlos Drummond de Andrade
·         Nova Canção do Exílio - Carlos Drummond de Andrade
·         Canção do Exílio - Murilo Mendes
·         Canção do Expedicionário - Guilherme de Almeida
·         Uma Canção - Mário Quintana
·         Jogos Florais I e II - Antônio Carlos de Brito (Cacaso)
·         Canção de Exílio Facilitada - José Paulo Pais
·         Lisboa: Aventuras - José Paulo Pais
·         Sabiá - Letra de Chico Buarque de Holanda e música de Antônio Carlos Jobim
·         Terra das Palmeiras - Taiguara


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