É o conjunto de iniciativas que os professores desenvolvem para avaliar. Inclui todas as etapas da avaliação: o início, quando o professor pensa o que vai fazer e planeja os conceitos, habilidades e atitudes que estruturarão seu trabalho com os alunos, a avaliação inicial, a seleção de instrumentos que serão utilizados, as formas de registro, as análises do processo, as interferências que o professor fará, as decisões sobre como aquela avaliação será comunicada aos interessados. Essa primeira parte do trabalho é a avaliação na dimensão pedagógica. Seu objetivo é orientar e alimentar de informações a prática pedagógica. Essa prática em processo, na medida em que vai sendo conhecida e analisada, vai construindo um parecer, um valor, normalmente atribuído pelo professor, sobre o que o aluno está aprendendo. Tal parecer informa a dimensão burocrática da avaliação e, durante muito tempo, foi traduzido num boletim, que tinha a intenção certificativa e era registrado em notas. Esse parecer do professor sobre o trabalho da escola concretizado na formação do aluno era arquivado na secretaria da escola e dele se tiravam os dados para as transferências escolares, registros burocráticos importantes para contar a historia escolar do aluno.
A partir das décadas de 80 e 90 do século XX, com a introdução de reformas educativas no Brasil, a dimensão burocrática da avaliação tem passado por desafios decorrentes de mudanças na dimensão pedagógica. Esses desafios referem-se à definição de um modelo de registro que garanta a correspondência administrativa da introdução de referências descritiva na avaliação pedagógica.
Na medida em que as escolas introduzem práticas de reorganização do trabalho nos ciclos básicos de alfabetização, também no ensino fundamental inicia-se a busca de outra concepção de avaliação. O modelo baseado na lógica da seleção é insuficiente para uma prática escolar que pense o processo de aprendizagem. O desafio da construção de uma dimensão pedagógica mais descritiva, de iniciativas diferenciadas para que os alunos aprendam com mais sucesso, estende-se à necessidade de novas formas de registro burocrático: novos formulários de transferências, novos formulários de arquivo dos dados sobre a história escolar do aluno. Novos modelos de registro burocrático então são criados para sustentar uma lógica da avaliação a serviço da aprendizagem. Segundo Cortesão (1990): A ação avaliativa está totalmente relacionada com o planejamento da ação educativa.
Inicia-se na discussão do projeto da escola: o que é e para que avaliar? Da discussão e definição coletiva, passa-se ao planejamento do currículo em ação, dos projetos a serem trabalhadas. Essa é a primeira parte da ação. Após essas definições, parte-se para pensar quais deverão ser os instrumentos que darão conta das dimensões do conteúdo escolar entendido em sua tipologia como fatos, conceitos, procedimentos e atitudes. Reflete-se e define-se sobre a utilização dos instrumentos, analisando sua viabilidade e seu valor no levantamento de dados. A escola se pergunta: qual instrumento é melhor para conhecer o que os alunos estão sabendo sobre fatos sobre conceitos, sobre procedimentos e atitudes? Em seguida, o coletivo de educadores define as formas de registro mais adequadas à concepção de avaliação adotada. Passa-se, daí para frente, a elaborar os suportes da implantação e os encaminhamentos, tais como: conversar com a comunidade escolar, conversar com os alunos, preparar fichas ou formulários diferentes.
A realização do processo de avaliar é a outra fase da ação avaliativa. Compõe a ação, mas não a esgota. Os professores e alunos vivenciam com a maior ou menos participação da comunidade através de conselhos escolares, reuniões pedagógicas, conselhos de ciclo ou série, conselhos de turma, assembléias de turma, instâncias de avaliação importantíssimas na democratização dessa ação. Nesse caso, quanto mais a escola avançar na democratização de suas estruturas e relações, maior será a participação organizada dos atores internos e externos. A definição destes atores é outra iniciativa que deverá integrar a ação avaliativa. Um conselho de classe formado também por pais e alunos ou um conselho de classe apenas de educadores já demonstra o grau de democratização desta Ação avaliativa. Algumas escolas já desenvolvem conselho de ciclo, com uma participação representativa de tosos os envolvidos.
Por sua vez, a escola precisa definir como fará com os alunos que, no processo, demonstrarem que precisam de atendimento diferenciado para aprender o que é importante naquele período da sua formação. É parte de a ação avaliativa definir esses formatos de trabalho diferenciado, sempre com a intenção de contribuir nas aprendizagens dos alunos. Feito isso, a escola deve pensar como será o seu registro burocrático, aquelas informações sobre a vida escolar do aluno que serão importantes administrativamente: boletim ou portfólio, ficha descritiva ou notas, relatórios individuais, formulário de transferência.
A ação avaliativa comporta, portanto, duas dimensões de avaliação; a pedagógica e a burocrática.
A avaliação é uma das dimensões a serem consideradas, ao se pensar um projeto de escola, pois é ela que nos permite interpretar a realidade, redefinindo metas e processos. A avaliação, assim, é peça chave para qualquer proposta escolar inovadora.
A avaliação está centrada do desenvolvimento cognitivo dentro do processo de ensino-aprendizagem, a intervenção do professor, ao projeto curricular da escola, à função socializadora e cultural, à formação das identidades, dos valores, da ética e etc. Enfim ao seu Projeto Político Pedagógico.
Entendemos que a ação avaliativa é continua e não circunstancial reveladora de todo processo e não apenas de seu produto.
“a avaliação só terá sentido se buscar novos caminhos para uma melhor aprendizagem” (Jussara Hoffmann, 1990, p.29).
“O professor deve assumir a responsabilidade de refletir sobre toda a produção de conhecimento do aluno, promovendo o movimento, favorecendo a iniciativa e a curiosidade no perguntar e no responder e construindo novos saberes junto com os alunos”. (1990)
O aspecto cognitivo abrange os objetivos que enfatizam os processos mentais e os resultados intelectuais como: conhecimento, compreensão e habilidades de pensamento. A avaliação é a reflexão transformada em ação. Um processo dialógico e interativo onde alunos e professores saem modificados.
Avaliação da aprendizagem é um ato amoroso, acolhedor, integrativo e inclusivo. Deve ser um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisões sobre as atividades didáticas.
Basta falar em avaliação que o ambiente já se torna um pouco pesado, tenso. Poucos gostam de ser avaliados, talvez porque os atos que permearam nossa vida em torno da avaliação sempre serviram para punir desautorizar ou constranger alguém, esta é a prática que mais presente em nossas escolas e em nosso cotidiano. A avaliação deveria ser encarada como um sintonizador da nossa vontade de melhorarmos sempre mais. Assim sendo, ela deveria possibilitar nosso crescimento porque aponta os limites de nossa ação e provoca a descoberta de novos posicionamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário