Na visão de Saussure, a linguagem é um sistema composto por elementos que têm sua existência na interdependência entre eles. Isto é, o sistema funciona porque sua organização interna tem consistência. Não vale pelo que se pode comparar com os outros, mas pelo que é internamente. A importância está na diferença que o elemento faz no sistema, não em sua própria existência. Saussure usa como exemplo o jogo de xadrez. O jogo de xadrez. O jogo em 32 peças. E cada uma com determinada função. Elas não valem pelo seu desenho, matéria, ou acabamento, mas sim pela função que executam. Caso se perca uma das peças, nós poderíamos substituí-la por uma tampinha de garrafa, permitindo a continuidade do jogo. Então, precisamos de peças que preencham determinadas funções no sistema do jogo, certo? Outro exemplo, esse nosso, é o organograma de uma empresa. Se faltar um funcionário precisará ser substituído. O importante é ter alguém que desempenhe a sua função, para que a mesma não fique descoberta.
Para Saussure, a língua funciona da mesma forma. Precisamos de elementos que cumpram determinados papéis dentro do sistema linguístico: elementos para designar objetos do mundo não linguístico, para marcar o plural, para marcar feminino e masculino, entre outros. Como foi mencionado, os elementos por si não são importantes. O que se necessita é que se marquem elementos.
A perspectiva do olhar de Saussure é investigar, conhecer a linguagem por dentro, pelas possibilidades de relação entre seus elementos. É esse olhar que influenciará várias outras áreas da ciência que entendem seus campos de pesquisa como um “sistema”. Embora o termo estruturalismo tenha sido cunhado a partir da visão saussuriana, ele mesmo não usou esse termo, limitou-se a sistema
Tentamos mostrar acima como Saussure entendia a linguagem no seu aspecto mais geral. Mas ele precisará pontuar detalhadamente como seria o funcionamento desse sistema. Essa pontuação se fará de forma bastante cartesiana, ou seja, sempre bipolarmente. Ele divide signo em duas partes significado e significante. Divide o estudo da lingüística em dois pólos: langue e parole; divide a langue em duas linha temporais: diacronia e sincronia, essa última, por vez se divide em associações paradigmáticas e sintagmáticas.
Outra dicotomia muito importante explorada por Saussure foi à divisão de langue (língua) e parole (fala). Para ele, a langue é homogênea, ou seja, cujas partes são ou estão solidamente e/ou estreitamente ligadas enquanto a parole, heterogênea. A língua é homogênea por ser um conjunto de signos exterior ao indivíduo. Seu uso, a fala, depende das escolhas do falante perante esse sistema, por tanto, idiossincrático. Essa idiossincrasia torna a langue um campo de estudos bastante complexo e imprevisível, uma vez que seria impossível acolher todas as possibilidades dadas aos falantes.
A ciência pede como pressuposto de investigação, a recorrência do fenômeno, sua possibilidade de sistematicidade, o que foge ao escopo da fala. Isso fez com que Saussure optasse pela língua, em detrimento da fala, como objeto de estudos. Tal fato foi objeto críticas para Saussure, permitindo, inclusive o surgimento de outro campo de estudos que privilegiasse a fala, a sociolingüística parte da ciência que estuda dos aspectos sociais do uso da língua, especialmente das variações linguísticas que se dão no interior de um grupo, conforme as diferentes posições, funções ou circunstâncias dos indivíduos ou dos subgrupos de que estes fazem parte. Embora langue signifique “língua” em geral, como termos técnico Saussuriano fica mais bem traduzido por “sistema linguístico” e designa a totalidade de regularidades e padrões de formação que subjazem aos enunciados de uma língua. No entanto o termo “parole” designa “comportamento linguístico”. A visão saussuriana da língua como um sistema de valores está intimamente associada à sua célebre frase: “na língua só existem diferenças”, ou seja, ela funciona sincronicamente e com base em relações opositivas (paradigmáticas) no sistema e contrastivas (sintagmáticas) no discurso.
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