Conto - Uma infância não esquecida

O homem lembrava-se de sua infância com uma tristeza aparente, se recordava de sua mãe com aquele sorriso tranquilo preparando seu café da manhã antes de ir à escola, se lembrava do seu pai com um ar de cansaço no fim da tarde ao chegar do trabalho, lembra do seu amigo de infância que já não vê por muitos anos.

Hoje depois de um cansativo dia de trabalho o homem deita em sua cama no seu quarto pequeno e mal pintado e enquanto houve o ruído da janela velha que balançava devido ao vento quase frio que chega com o fim de tarde ele pensa na vida que vivia com simplicidade durante a infância, mas muito feliz. Recorda-se de tudo com amor e saudade, enquanto descansa sua cabeça no travesseiro que não é tão confortável como o de sua infância e passa a mão na barba ele sente uma angústia fora do comum, sente também suas lágrimas escorrerem por seu rosto por lembrar que hoje faz alguns anos que seus pais faleceram em um acidente automobilístico quando ia buscá-lo na casa de sua tia. Assim aquele homem vive uma vida dividida entre sua vida atual e um passado que ele sabe que não voltará, mas que ele sente muita saudade. Porém ainda não consegue lembrar em que momento sua vida mudou tanto. Quando havia deixado aquela vida gostosa e divertida? Lembra-se muito bem da primeira namorada da escola e como se divertia com seu amigo jogando futebol em frente sua casa branca e bonita que seu pai havia comprado naquele bairro que ele dizia ser o melhor, ainda consegue se recordar das tardes que assistia futebol com seu pai na sala enquanto sua mãe fazia pipocas. Hoje, homem ainda assisti futebol, só que em outra casa e sem a presença dos seus pais, esqueceu até o significado da palavra diversão. Nesse momento o homem vive mergulhado no passado, já que o presente não é nem sombra daquela vida feliz e segura quando vivia com seus pais.

Manha de domingo em frente aos umbrais daquela que era sua antiga casa o homem levanta os olhos e observa o que era a porta que dava acesso a sala de visitas, hoje vê uma senhora sentada do outro lado balcão que o olha e pergunta: você deseja alguma coisa? Ele responde: A minha vida, por favor, com tudo que tenho direito, meu pai e minha mãe dentro dela e se possível toda aquela felicidade que eu sentia naquele tempo.