PARTE II
I - PROPOSIÇÃO AO PROBLEMA
Esta pesquisa foi realizada com base na investigação de fontes que tratam sobre a temática “evasão” escolar. Este é um trabalho de pesquisa de campo, a partir das implicações da evasão escolar na Escola Graciliano Ramos que atende os estudantes do II Segmento do Programa de Educação Básica de Jovens e Adultos “EJA” de Teotônio Vilela – Alagoas- 2011. A iniciativa para a realização desse trabalho investigativo para a Educação de Jovens e Adultos – “EJA” – deu-se por conta da íntima relação construída com este público durante a convivência nesse ano de 2011 e na percepção de evasão por parte de alguns alunos.
A questão norteadora para essa pesquisa foi: Por que este aluno para de frequentar as aulas, depois de ter tomado a iniciativa de voltar a estudar? E várias outras interrogações se apresentam na tentativa de entender a questão principal. Seria a metodologia utilizada em sala de aula que não condiz com o que o aluno precisa, seria a situação econômica, o local de trabalho, que, de repente, tornou-se um empecilho para sua continuidade? Ou ainda, a inexistência de apoio familiar? Entre outras. Na busca dessa compreensão percebemos que a situação reflete-se em fatores internos e externos ao ambiente escolar.
Tais indagações aguçaram-me o pensamento e, como educador, gostaria de refletir acerca do fenômeno chamado aqui de “evasão”. Ao fazer uma revisão bibliográfica sobre o tema abordado, pudemos perceber que existe e persiste a demanda de produção de conhecimento sobre a área temática – EJA –, pois, segundo Arroyo (2006) o campo da EJA tem uma longa história, entretanto não é ainda um campo consolidado nas áreas de pesquisa, de políticas públicas e diretrizes educacionais, da formação de educadores e intervenções pedagógicas.
Nesta pesquisa o que pretendeu-se foi, inicialmente, conhecer o perfil destes sujeitos que encontram-se num processo educativo que tem como um de seus objetivos atender às suas especificidades, partindo do pressuposto de Arroyo (2006):
Penso que a reconfiguração da EJA não pode começar por perguntar-nos pelo seu lugar no sistema de educação e menos pelo seu lugar nas modalidades de ensino. (...) O ponto de partida deverá ser perguntar-nos quem são esses jovens e adultos. (ARROYO, 2006, p.22)
Levaremos em conta que os sujeitos desta modalidade de ensino, devido as mais variadas e diversas situações vividas em seu cotidiano, às vezes se deparam com períodos de interrupções nos estudos. Neste sentido, foram as razões destes períodos de interrupções dos estudos o objeto de estudo desta pesquisa: a chamada “evasão” de jovens e adultos em um Projeto do II Segmento.
Portanto é necessário entender que dentre outros fatores, aproximações e semelhanças de sujeitos que, embora únicos em sua existência, compartilham de uma mesma realidade social. Sendo assim, temos em vista o que para assumir e manter a identidade de alunos, esses sujeitos, tendo no trabalho e na família a centralidade de suas vidas, acabam precisando arcar com custos objetivos e subjetivos diversos, e, em muitos casos, bastante altos; o que pode se tornar um empecilho na permanência dos estudos. Dessa maneira, o objetivo deste artigo é apresentar o estudo realizado sobre as possíveis causas da “evasão”.
PRECEITOS SOBRE OS FATORES EXTERNOS NA EVASÃO ESCOLAR
Na abordagem que busca explicar o fracasso escolar a partir de fatores externos. Desigualdades sociais também presentes na sociedade brasileira, segundo ARROYO (1991:21), são resultantes das "diferenças de classe", e são elas que "marcam" o fracasso escolar nas camadas populares.
"É essa escola das classes trabalhadoras que vem fracassando em todo lugar. Não são as diferenças de clima ou de região que marcam as grandes diferenças entre escola possível ou impossível, mas as diferenças de classe. As políticas oficiais tentam ocultar esse caráter de classe no fracasso escolar, apresentando os problemas e as soluções com políticas regionais e locais”.
Em ampla revisão de literatura nacional e internacional sobre evasão BRANDÃO, BAETA & ROCHA (1983), citando os estudos de GATTI (1981), ARNS (1978) e FERRARI (1975), explicitam que "os alunos de nível sócio-econômico mais baixo têm um menor índice de rendimento e, de acordo com alguns autores, são mais propensos à evasão".
O estudo desenvolvido por MEKSENAS (1998:98) sobre a evasão escolar dos alunos dos cursos noturnos aponta por sua vez que a evasão escolar destes alunos se dá em virtude de estes serem "obrigados a trabalhar para sustento próprio e da família, exaustos da maratona diária e desmotivados pela baixa qualidade do ensino, muitos adolescentes desistem dos estudos sem completar o curso secundário".
PRECEITOS SOBRE OS FATORES INTERNOS NA EVASÃO ESCOLAR
Em oposição aos defensores dos fatores externos como determinantes da evasão, outros autores, apontam a escola como responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos das escolas públicas, tomando como base explicações que variam desde o seu caráter reprodutor até o papel e a prática pedagógica do professor.
Diferentemente dos autores que apontam a criança e a família como responsáveis pelo fracasso escolar, FUKUI (in BRANDÃO et al, 1983) ressalta a responsabilidade da escola afirmando que "o fenômeno da evasão está longe de ser fruto de características individuais dos alunos e suas famílias. Ao contrário, refletem a forma como a escola recebe e exerce ação sobre os membros destes diferentes segmentos da sociedade".
Para CHARLOT (2000), não existe o fracasso escolar, ou seja, não existe o objeto fracasso escolar, mas sim, alunos em situações de fracasso, alunos que não conseguem aprender o que se quer que eles aprendam que não constroem certos conhecimentos ou competências, que naufragam e reagem com condutas de retração, desordem e agressão, enfim histórias escolares não bem sucedidas, e são essas situações e essas histórias denominadas pelos educadores e pela mídia de fracasso escolar é que devem ser estudadas, analisadas, e não algum objeto misterioso, ou algum vírus resistente, chamado “fracasso escolar”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário