Freire (1982, p.42) afirma que “Toda prática educativa implica numa concepção dos seres humanos e do mundo”. Dessa forma, o professor de língua (estrangeira) também deve ter concepções claras sobre língua/linguagem, sujeito e o próprio processo de ensino-aprendizagerm, uma vez que o modo como são entendidos tais aspectos refletirá na sua prática pedagógica e na educação.
Retomando o pensamento de Benveniste sobre a concepção de língua e linguagem, percebemos que é entendida como o lugar e o fundamento da subjetividade, e esta, por sua vez, é percebida e tem valor numa relação dialógica, intersubjetiva. Os sujeitos viam língua, constroem sentidos interativamente no discurso.
Assim sendo, considerar tais idéias da teoria enunciativa benvenistiana contribui, com certeza, para a formação do professor de língua e para o momento de ensino-aprendizagem porque este processo também será entendido como social, interativo, intersubjetivo e construído entre um eu (professor) e vários tus (alunos). Quer dizer, o ensinar e o aprender só acontecem quando são construídos socialmente. Não há como separar os dois pólos e pensar que alguém ensina e outros aprendem. Conforme Freire (1982, p.28), “Ninguém educa ninguém” porque cada indivíduo é sujeito de sua educação e isso se caracteriza por um a relação dialógica e interdependente. A partir disso, é necessário considerar o saber do aluno, muitas vezes, empírico com o saber científico que traz o professor, amalgamando-os, a fim de que o processo educativo seja construído pela relação social estabelecida na sala de aula. Isso será possível se o professor valorizar as subjetividades, o diálogo; se tiver um entendimento de que essas subjetividades têm como condição necessária de existência a intersubjetividade, expressada via língua, e que, nessa situação, constroem o sentido de educação mútua.
Portanto, acreditamos que a teoria da enunciação, caracterizada uma teoria da subjetividade na linguagem, pode contribuir significativamente na formação do professor de língua (estrangeira), pois pode ajudar na sua concepção de língua, linguagem, de sujeito, de sentido. Lastimavelmente, a teoria da enunciação, especificamente a teoria subjetiva de Benveniste, não é leitura freqüente nos cursos de graduação em Letras.
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